O Defensor Público Fernando Enéas assumiu recentemente a chefia do segmento em Sousa, a 437 KM da Capital produziu texto/análise do que ele tem constatado na cidade em termos de deficiência à assistência aos mais pobres, entre eles os ciganos. A seguir, ele expõe sua leitura conceitual e histórica:
No “campo dos ciganos” em AUSCHWITZ!
Aqui onde os céus esmolam e a terra inteira soluça em busca de uma solução, atendo em companhia de minha esposa, os descendentes daquele holocausto cigano, o “PORAJMOS” que teve início em 1935, com a promulgação das Leis de Nuremberg, prosseguindo até final da Segunda Guerra Mundial, onde foram exterminados nos “campos da morte” nazistas, quase 1 milhão de ciganos.
E o PORAJMOS, longe de deter-se em sua marcha macabra de extermínio, segue o seu curso (a)normal e, agora, somos nós que o perpetramos todos os dias, dando continuidade a “ zigecenermacht” nazista, a chamada “Noite dos Ciganos”. Sei … ninguém mais lembra.
Nós somos mesmo assim: sádicos, perversos, irrecuperáveis. Nada pode nos salvar! Permanecemos os mesmos perpetradores de holocausto. Até avançamos em relação aos nazistas. As máquinas da morte dos nazis nós as aperfeiçoamos. Somos capazes de produzir um holocausto por segundo. Hoje há um holocausto da fome, outro da indiferença, um outro da omissão, do preconceito e da discriminação.
Mas, isso talvez não nos diga respeito, estamos mortos, vagamos pela terra como incontáveis zumbis, guiados pelas incansáveis “redes sociais” , e através delas é que nos relacionamos; o Outro, aquele nosso igual ou semelhante, não mais existe, o que existe é uma abstração que dele fazemos por sugestão das máquinas.
De há muito não reflexionamos, abdicamos de pensar. Estamos, sim, mortos, não mais existimos em nós e sim em nossos smartphones. Professamos a religião do consumismo.
A essa altura, nem mesmo podemos chamar-nos de “ex-homens”. Como, se sequer existimos ou pudemos existir em alguma época, em algum tempo?