Imagine uma espécie de hospital de campanha ou unidade de saúde básica para atender pacientes com coronavírus montada com colchões velhos, sujos ou rasgados. Pense ainda que a doação tenha sido feita pelo Exército Brasileiro e entregue pelo Ministério da Saúde, através da Secretaria Especial de Saúde Indígena, a Sesai. Foi o que aconteceu na Terra Indígena (TI) Laklãnõ, nos municípios de José Boiteux, Doutor Pedrinho, Vitor Meireles e Itaiópolis, no Alto Vale do Itajaí, em Santa Catarina.
Foi um ato de descaso, escreveu a índia Guajajara Sonia, uma das principais lideranças indígenas do país, nas redes sociais da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib). A índia do Xingu questionou sobre a presença de fungos e bactérias, o que traria mais riscos à saúde das pessoas já adoecidas.
— Os colchões estão inadequados para o uso, e os cobertores vieram sujos – confirmou o índio Abraão Patté.
O objetivo é montar na área uma unidade de saúde para isolar os índios que testaram positivo para o coronavírus nas nove aldeias da TI. O trabalho fica sob responsabilidade do Distrito Sanitário Especial Indígena (DESEI-Interior), o qual está realizando testes rápidos, distribuindo material de proteção, álcool-gel e monitorando os casos positivos.
De acordo com Alexandre Rossentini, coordenador do Distrito Sanitário Especial Indígena Interior-Sul (DSEI), as escolas das aldeias serão usadas para o isolamento dos índios com Covid 19. Também foi anunciada a contratação de mais um médico para atender os Xokleng.