Audiência Pública discute a realidade trágica da violência contra a Mulher e quer soluções como uma casa de acolhimento às vítimas em Patos

A luta pelo respeito, igualdade de gênero e pelo fim da violência contra a mulher passa pela Educação, conscientização e por políticas públicas voltadas para dar apoio às vítimas. Na Audiência Pública realizada nessa segunda-feira (6), requerida pelo vereador sindicalista Zé Gonçalves( PT), que sugeriu a construção da casa de apoio às mulheres vítimas de violência esteve entre as ações concretas.

Depoimentos e explanações foram centradas nas dificuldades em dar apoio às mulheres e conscientizar homens e mulheres para combater a violência, que está arraigada à cultura machista. O debate movimentou em Patos a campanha dos 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência Contra as Mulheres e com destaque para o dia do Laço Branco, dia 6 de dezembro, de luta dos homens pelo fim da violência contra a mulher.

O vereador Zé Gonçalves pontuou os diversos tipos de violência vividos pela mulher que estão presentes em ambientes diversos, do doméstico ao trabalho e do ambiente social ao político. “O ativismo, ele começa com o fim de todas as violências contra as mulheres. As mulheres devem ser livres e ter o direito de viver sem medo”, avaliou Zé Gonçalves

Ele destacou o esforço de órgãos como o CREAS (Centro de Referência Especializado de Assistência Social) que vem fazendo esforço para que as políticas públicas cheguem às famílias sem a interferência política. O órgão homenageia este ano Maria Sidileide, vítima que sobreviveu à violência em Patos.

Conforme Zé Gonçalves, entre os dados trágicos da violência contra a mulher, o anuário traz que 60% dos mais de 60 mil estupros notificados no ano passado, as vítimas foram meninas de até 13 anos e 85% dos crimes foram cometidos por pessoas conhecidas.

Patrulha Maria da Penha

A preocupação com a questão emocional, com a proteção e o apoio à família das vítimas esteve entre as preocupações dos que defendem e lutam em defesa das mulheres e a implantação de uma Patrulha Maria da Penha foi solicitada pelo Conselho Municipal dos Direitos das Mulheres, uma luta de anos e que pode não ser implantada em Patos, pois há a possibilidade dela ir para o município de Sousa.

Ela disse que é necessário que a Secretaria da Mulher de Patos tenha autonomia e recursos próprios para que possa desenvolver mais ações e que o Conselho precisa de mais apoio. “Precisamos ser escutadas. Essa é uma luta de todos nós”, disse.

De acordo com Samara Oliveira, do Conselho Municipal da Mulher, são agressões, ameaças, estupros, violência psicológica e uma série de violações que acontecem diariamente com as mulheres dentro e fora de casa. Foram 9.886 crimes contra as mulheres registrados no ano passado na Paraíba.

Joseny de Lima( Josa) que representou a Diocese de Patos e o Conselho Municipal da Pessoa Idosa, contou que durante a pandemia, foi feito um trabalho de escuta com as mulheres moradoras de rua de Patos, através do Projeto de Ação Solidária. “Saímos às ruas e nos deparamos com histórias de mulheres e homens, pessoas invisíveis da nossa sociedade. A gente se sente impotente diante das situações”, disse. Joseny pediu a união de todos para que se possa fazer um trabalho conjunto.

Ela lembrou uma mensagem da Cáritas Brasileira, que diz que há mais de 40 anos ecoam as vozes das mulheres dizendo “Quem ama não mata, não humilha e não maltrata” e concluiu sua fala cantando uma música ‘Canção para Margarida’ do cantor e poeta nordestino Zé Vicente.

Participaram da Audiência Pública representantes do CREAS, OAB por Elas, Conselho Municipal dos Direitos da Mulher, Diocese de Patos, Secretaria da Mulher de Patos, Secretaria do Desenvolvimento Social, SINFEMP, UAC, UBM – União Brasileira de Mulheres, Marcília Bezerra, coordenadora do CREAS, Procurador Jurídico Alexandre Lacerda, o vice-prefeito Jacob Souto, além de diversos servidores públicos municipais.

Para o vereador Zé Gonçalves, a audiência cumpriu seu objetivo principal e os próximos passos será intensificar a luta pela construção de uma casa de acolhimento para as mulheres vitimas de violência, como também pela patrulha Maria da Penha.” É o mínimo que a gestão municipal e o governo do Estado pode fazer para atender as demandas das mulheres de Patos”, destacou o parlamentar mirim.