Nesta sexta-feira, a Organização Mundial da Saúde (OMS) realizou uma reunião com mais de 50 ministros da saúde de todo o mundo para debater estratégias comuns para lidar com a pandemia e coordenar posições. Apesar da presença de ministros de países duramente afetados, como EUA, França, China e Coreia do Sul, o Brasil não participou do encontro com o chefe da Pasta, Luiz Henrique Mandetta.
O encontro ocorreu de forma virtual e, por mais de duas horas, governos trocaram impressões com a direção da OMS sobre os próximos passos da luta contra a pandemia. Governos apresentaram suas estratégias, êxitos e desafios diante do surto.
Mas, para a surpresa da alta cúpula da OMS, a participação brasileira não contou com a máxima autoridade para a Saúde. Procurado, o Ministério da Saúde explicou que, no momento do encontro, Mandetta estava na Presidência da República e não poderia participar, sem dar detalhes.
A pasta tampouco explicou quem representou o Brasil durante o encontro. A coluna foi informada que houve um representante do país, mas de baixo escalão.
A presença ministerial de diferentes governos foi interpretada como um sinal do compromisso político de países em lidar com a crise. A participação da máxima autoridade sanitária também foi considerada como um sinal da aceitação desses governos pelas recomendações da OMS.
A ausência do maior país da América do Sul, portanto, chamou a atenção. Nesta semana, a OMS já havia ligado o sinal de alerta quando o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, minimizou a doença e ainda deu sinais contrários às medidas de distanciamento social.
Na quinta-feira, ao ser questionado pelo UOL, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, respondeu de forma clara à tentativa do governo brasileiro de reduzir a importância do assunto: “as UTIs estão lotadas em muitos países”.
“Vários temas comuns apareceram sobre o que foi lidado: a necessidade de identificação rápida (de pacientes) e o isolamento de casos confirmados”, explicou. Outro tema foi a necessidade de um atendimento eficiente e a “necessidade de comunicar para construir confiança e engajar as comunidades na luta”.