De forma criminosa, Bolsonaro resolveu testar um vídeo institucional de campanha da Presidência da República estimulando o retorno da população ao trabalho, inclusive para os “brasileiros contaminados pelo coronavírus”.
As orientações da OMS (Organização Mundial da Saúde), das autoridades na área, especialistas e cientistas no mundo todo são para que a população permaneça em isolamento social mantendo comércio e escolas fechadas.
O vídeo traz como mote de campanha “O Brasil Não Pode Parar”. Acusado no esquema de “rachadinha” e envolvimento com milícias, o senador Flávio Bolsonaro (sem partido), filho do presidente, deu o pontapé na difusão da ideia no Faceboock.
A campanha publicitária “Brasil Não Pode Parar” custou R$ 4,8 milhões e não houve licitação. Apesar do custo, a publicidade ainda não foi veiculada oficialmente.
Além disso, o próprio presidente postou em sua conta em rede social o vídeo de uma carreata realizada em Camboriú (SC) contrária ao isolamento social recomendado pela maioria dos governos.
A líder do PCdoB na Câmara, deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC), afirmou que Bolsonaro desafia OMS e incentiva seguidores a fazerem manifestações em carreatas, colocando em risco suas vida e dos demais.
O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) destacou nesta sexta-feira (27), na sua conta na rede social, uma reportagem que mostra o arrependimento do prefeito de Milão, Giuseppe Sala, reconhecendo o erro em apoiar a ação divulgada com o lema “Milão não para”.
Milão é a província da Itália mais atingida pelo coronavírus, registrando 32.346 casos de pessoas contaminadas e 4.474 óbitos.
“O Planalto está lançando uma campanha odiosa e irresponsável contra o isolamento social. Milão fez isso e contou corpos aos milhares. Bolsonaro terá sangue nas mãos e ficará em posição insustentável com essa loucura. O Brasil exige responsabilidade!”, protestou Orlando Silva.
Conduta criminosa
A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) destacou artigo das especialistas em direito internacional Larissa Ramina, Carol Proner e Gisele Ricobom, no qual consideram crime a posição de Bolsonaro contra o que determina a OMS, que denominou a pandemia no Brasil de apocalíptica.
“Na legislação penal brasileira há uma conduta que encontra tipificação ainda mais grave. Trata-se do crime de epidemia, inserido no âmbito dos Crimes contra a Saúde Pública, no artigo 267 do Código Penal pátrio, que estabelece: Causar epidemia, mediante a propagação de germes patogênicos: Pena – reclusão, de dez a quinze anos. § 1o Se do fato resulta morte, a pena é aplicada em dobro. § 2o No caso de culpa, a pena é de detenção, de um a dois anos, ou, se resulta morte, de dois a quatro anos”, dizem as especialistas.
O deputado Márcio Jerry (PCdoB-MA) diz que a população tem responsabilidade em evitar um caos no país.
“Pregações da insensatez e irresponsabilidade sanitária feitas pelo presidente Bolsonaro boicotando o isolamento social indispensável à contenção da proliferação da cadeia de contaminação do coronavírus. Faça a sua parte, fique em casa até a tempestade passar. Vai passar!”, orientou o parlamentar.
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) diz que o dinheiro gasto na campanha poderia ser usado para comprar respiradores e ajudar no Renda Básica, “mas Bolsonaro prefere aplicar na irresponsável luta contra o isolamento”.
A presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), também citou a experiência em Milão para rechaçar a campanha “Brasil não pode parar”.
“Milão fez algo assim em fevereiro. Deu no que deu! Brasil não pode parar nem morrer! Por isso Estado tem de atuar. Governo sabia do coronavírus desde dezembro, e não fez nada para enfrentar. E continua perdido em medidas de pouca eficácia”, criticou a deputada.
Para a deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP) diz que o presidente quer jogar o Brasil no abismo.
“Essa campanha criminosa deve ser interrompida imediatamente. O governo está jogando o Brasil no precipício e gastando dinheiro público para convencer o povo a se contaminar. É um escândalo! O que falta para Rodrigo Maia aceitar o impeachment de Bolsonaro?”, afirmou.
Vermelho.org