Grito dos Excluídos em Patos no 7 de Setembro: luta contra os ‘mecanismos sociais de exclusão’

Evidenciar e lutar contra os mecanismos sociais de exclusão é um dos objetivos do movimento nacional do Grito dos Excluídos que acontece em Patos nesta quinta-feira, 7 de Setembro, data em que é celebrada a Independência do Brasil.

Para falar sobre a mobilização social, o padre Sebastião Gonçalves, representando a Diocese de Patos, usou a Tribuna da Casa Juvenal Lúcio de Sousa, na sessão dessa terça-feira, e definiu o movimento como o espaço para dar voz aos que mais sofrem.

O Grito dos Excluídos aconteceu na Praça Edvaldo Mota, a partir das 7 horas da manhã, com a realização de um Café Solidário, e às 8h aconteceram apresentações culturais e manifestações com o grito dos sem teto, dos sem trabalho e dos sem alimento suficiente. Às 10h, a manifestação caminhou para a Igreja Catedral.

“Em frente à Catedral foi rezado o “Pai Nosso”, com as três realidades de Deus que resolvem todas as situações: ‘O Pai Nosso’, ‘O Pão Nosso’ e o Perdão”, disse o padre. O evento terminou com um almoço para as pessoas de rua em em situação de necessidade.

De acordo com o pároco, o Grito dos Excluídos acontece desde 1995, organizado pelos movimentos sociais em conjunto com a Igreja Católica. Além de mostrar o que provoca a exclusão, a mobilização também propõe caminhos para uma sociedade mais inclusiva.

“E acredito que esta Casa Legislativa também tenha a responsabilidade de encontrar meios e caminhos para construir condições para a inclusão social, através de projetos de lei e de emendas impositivas”, enfatizou.

Ele reiterou o intuito de sensibilizar a sociedade para perceber aqueles que estão sem alimentação adequada, sem casa e sem trabalho. “Mobilizar e articular forças sociais. Fortalecer e multiplicar as lutas por direitos. Despertar, renovar e dinamizar a dimensão social da fé cristã”, propôs.

Padre Sebastião Gonçalves disse que, embora a iniciativa do Grito dos Excluídos esteja diretamente ligada à Igreja Católica, o movimento nasceu dos encontros da Segunda Semana Social Brasileira entre 1993 e 1994. Desde então, diversos movimentos e instituições têm se juntado à mobilização.

Conforme o pároco, O Grito dos Excluídos acontece em todo o país, através de celebrações, seminários, debates, teatro, música, dança e feiras de economia solidária e tem sido pautado pelo direito negado a muitos brasileiros de ter o mínimo para viver.

Viver dignamente com direito à terra, a teto e a trabalho e este ano traz o questionamento que é destinado a todos: “Você tem fome de quê?. Padre Sebastião Gonçalves disse que são três os gritos escolhidos para a mobilização este ano: os que gritam por terra, os que gritam por moradia e os que gritam por trabalho.

“Aqui na nossa cidade nós temos ainda muita gente que não tem casa para morar”, destacou. Ele ressaltou o aumento do número de desempregados e de pessoas que não têm um pedaço de terra para construir sua casa e dela tirar o seu sustento. Um quarto grito está sendo preparado para a próxima mobilização, a dos desalentados que procuram por trabalho e não encontram, considerou o padre.

Padre Sebastião Gonçalves disse que a Igreja Católica, através da Diocese de Patos, tem tentado responder a alguns gritos, como por exemplo, aos gritos das famílias que lutam pela recuperação de seus familiares que caíram no mundo das drogas, através da Fazenda da Esperança.

Ele destacou também a Casa da Misericórdia que socorre o grito de quem tem fome. “São 120 pessoas que diariamente são atendidas com café da manhã e almoço”, contou. Ele destacou ainda as ações do grupo Fazer o Bem que todas as manhãs de domingo socorrem o grito dos que estão perambulando pelo chamado CTI do Mercado Central. “É a única refeição que eles têm durante o domingo”, completou.

O Projeto Madre Tereza que todas as quintas-feiras distribui sopão e as ações da Catedral Solidária, que doam cestas básicas para famílias necessitadas, também foram mencionados. A Diocese distribuiu durante a pandemia mais de 6 mil vale gás para famílias carentes, durante cinco meses.

Padre Sebastião Gonçalves reiterou que a Fazenda da Esperança necessita da construção de um novo espaço para atender a demanda e solicitou aos parlamentares mirins da Casa Legislativa o destinamento de emendas impositivas para ajudar nisso.